
Exposição da tapeçaria do Afeganistão para a paz e guerra no Museu Oscar Niemeyer
O MON, Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba está com uma exposição temporária que reúne duas paixões minhas, o mundo árabe e a arte da tapeçaria. Como artesã nas horas vagas, eu não podia deixar de apreciar essa exposição.
A exposição Afeganistão – Tapetes de Paz e Guerra, traz 37 tapetes da coleção pessoal do curador Victor Nosek e também e 32 joias da região. Ela está dividida em duas salas na Torre do Olho. No térreo estão os tapetes relacionados ao tema Paz. Esses tapetes são os mais antigos e trazem imagens relacionadas ao cotidiano das tribos, cenas pastoris e formas geométricas.
Já os tapetes com o tema Guerra estão em exposição no primeiro andar da Torre e refletem o período entre 1970-1980, quando o Afeganistão estava em guerra contra a União Soviética, que na época, decidiu invadir o Afeganistão para defender o governo comunista dos mujahidin, rebeldes que não concordavam com o governo comunista que estava no poder desde 1978.
Os tapetes são em sua grande maioria tecidos manualmente por mulheres e crianças usando teares horizontais. Aqui devo dizer que gostaria muito de ver o tear onde essas maravilhas foram tecidas, já que minha paixão por tapeçaria nasceu desde a primeira vez que vi uma senhora tecer em um tear de pente liço. Fiquei na hora extremamente curiosa para saber como as formas geométricas nasciam apenas do fato dela passar as linhas pelo urdume. Hoje posso dizer que as formas geométricas e mesmo as orgânicas eu entendo bem, mas esse nível de arte dos tapetes afegãos para mim é mágico.
Os detalhes e as cores são magníficos. E falando de cores, os tapetes são tecidos com lã de carneiros e camelos com tingimento natural. Crina e rabo de cavalos são utilizados nos cordões laterais. Saber que todo o processo é feito nas tribos com “apenas” o conhecimento ancestral torna tudo mais belo. Digo isso porque no meu caso eu uso lãs e barbantes comprados em armarinhos e ainda tento me aperfeiçoar com o uso do círculo monocromático para o estudo das cores.
Mesmo o tema Guerra consegue ser traduzido com beleza por esses tapetes. De novo os desenhos, formas e uso das cores nos fazem esquecer que na verdade são imagens de tanques, helicópteros e armas e cenas comuns de guerras. É impressionante e triste ver como a guerra influenciou a fabricação de tapetes das tribos afegãs e como as figuras dos minaretes, pastos, pessoas foram substituídas por tanques, granadas e armas.
As jóias complementam a beleza e riqueza da exposição. São peças vindas da mesma região e impressionam não só pela beleza, mas também pelo tamanho. Fico imaginando o peso dessas peças.
A coleção fica em exposição até o dia 20 de abril de 2025. O Museu Oscar Niemeyer, ou Museu do Olho, como é mais conhecido, fica localizado no Centro Cívico de Curitiba na rua Rua Marechal Hermes, 999. Ele abre de terça a domingo das 10 as 18 horas. O ingresso custa R$ 36,00 a inteira e R$ 18,00, a meia entrada. Vale lembrar que a entrada é gratuita toda quarta-feira, mas dependendo do horário, a fila pode ser gigante.

