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O que há para ver na região das Três Torres em Gent

Que as Três Torres de Gent, formadas pela Sint Niklaaskerk, Belfry e Sint Baafskathedraal, são um “must-do” daqueles que amamos fazer, isso ninguém duvida. E que também há muito para se ver em Gent ao redor delas também é algo que não dá para negar.

Afinal Gent, junto com sua vizinha Bruges, parece ser daquelas cidades onde para qualquer lugar que você olha, há algo interessante para se ver e admirar.

Começamos então pelas proximidades da Sint Niklaaskerk. Ali temos a praça Korenmarkt, cujo nome deriva de Mercado do Trigo ou Mercado do Milho, de acordo com diferentes traduções. Esses e outros cereais eram trazidos para Gent e vendidos nessa praça nos séculos 10 e 11. Desde então, a Korenmarkt tem sido o centro comercial e econômico da cidade. Ao seu redor podemos ver várias construções históricas com lindas fachadas que hoje formam principalmente bares e restaurantes.

É de lá que partem as charretes para passear em Gent e também é por onde passam boa parte dos ônibus.

Na Korenmarkt fica um dos prédios que mais me chamaram a atenção em Gent. E só fui perceber isso quando fui organizar as fotos e vi a quantidade de fotos que tirei desse prédio. Estou falando do imponente Post Plaza construído em 1910 sobre as fundações do que originalmente se pretendia ser o Teatro Real Holandês. A instigante construção é uma mistura de estilos gótico e renascentista. Deve ser essa a principal razão do seu charme. É sem dúvida, uma joia arquitetônica, que antes funcionava como correios e agora foi convertido em um shopping, hotel de luxo e bar.

Passando pelo Post Plaza, chegamos na Sint-Michielsbrug, a ponte de São Miguel, de onde temos uma linda vista do canal e das belas casas ao redor. De um lado vemos no horizonte as torres fortificadas do castelo Gravensteen e do outro lado, a Igreja Sint-Michielskerk, ou Igreja de São Miguel. É uma ponte para os casais apaixonados tirar lindas fotos e também para fazer se apaixonar por Gent. Afinal de qualquer ângulo, você tem uma visão encantadora.

A Sint-Michielskerk foi iniciada em 1440 e concluída em 1648. É uma igreja espaçosa no estilo gótico tardio. Embora seja uma bela construção, perto da Sint Niklaaskerk e Sint Baafskathedraal, ela fica parecendo uma “Igreja anã”. O interessante é que era para ser o contrário, ou quase isso. O campanário da Igreja foi planejado para se destacar acima de todos os outros, mas seu destino foi diferente. O “monumento do triunfo” como foi chamado na época, era para ter 134 metros de altura, mas ficou apenas com 24. Em 1828, a torre inacabada finalmente adquiriu um telhado, acabando assim com qualquer pretensão da Igreja de crescer um pouco mais.

Bom, vamos voltar agora para a Sint Niklaaskerk, indo em direção à Segunda Torre, o Belfry. No caminho há outra interessante construção, o Metselaarshuis, ou Salão da Associação dos Maçons, bem do ladinho da Igreja de São Nicolau. A construção do século XVI chama a atenção principalmente porque no topo do frontão há seis dançarinos que ficam girando alegremente com o vento.

Assim como a Igreja de São Miguel, o Metselaarhuis também possui uma história curiosa. Acreditava-se que o desenho original da fachada tivesse sido inteiramente perdido durante as reconstruções do século XIX. Mas, então, em 1975, a fachada foi novamente redescoberta por trás da parede construída anteriormente e, finalmente, demolida. Que bom, agora podemos apreciar essa interessante fachada e seus alegres dançarinos. Abaixo do edifício existe uma adega do século 13.

Entre a Sint Niklaaskerk e o Belfry, vemos ainda o Stadhuis, a prefeitura de Gent. Essa construção é o que podemos chamar de prédio de dupla personalidade, resultado de nada manos que seis séculos de história de construção. O prédio é claramente dividido em duas partes.

De um lado temos o estilo gótico tardio que data do início do século XVI, ricamente ornamentado e detalhado e do outro lado, em extravagante contraste, temos as linhas limpas do estilo renascentista mais sóbrio, no qual o edifício foi concluído.

Do lado gótico podemos ver as muitas estátuas dos Condes de Flandres, embora essas tenham sido adicionadas somente no início de 1900 . E do lado renascentista, construído entre 1559 e 1618), temos colunas e pilastras dóricas, iônicas e coríntias inspiradas nos palácios italianos.

A Stadhuis conta internamente com 51 quartos, incluindo a Capela de Casamentos, já que é lá que os locais fazem seus votos de casamento. Reza a lenda que muitas noivas foram cativadas pelos belos vitrais românticos e acabaram perdendo-se no labirinto de corredores e câmaras no interior da construção bipolar.

Continuamos nossa caminhada para a Terceira Torre, a magnífica Catedral de São Bavão, ou Sint Baafskathedraal , e vamos encontrar o NTGent ou Nederlands Toneel Gent, que traduzindo seria Teatro Real Holandês. Esse teatro foi fundado em 1965 como o teatro da cidade de Gent e apresenta suas próprias produções teatrais com atores flamengos e holandeses, além de produções de convidados. O teatro possui 600 lugares e é subsidiado pela Comunidade Flamenga, assim como pela própria cidade.

No alto de sua fachada, vemos um lindo mosaico de Apolo e as Musas de Parnaso. Um trabalho super apropriado para uma casa de teatro. Representa uma ode às artes teatrais e foi concluído em 1898.

Ainda na praça Sint Baafsplein, vemos um momento em homenagem à Jan Frans Willems, um escritor flamengo tido como o pai do movimento flamengo, que nada mais era que um movimento político para promover a cultura flamenga na época em que Bélgica era governada pelos franceses.

O Monumento feito de mármore mostra um um jovem representando o Vlaamse Beweging, ou Movimento Flamengo, removendo o véu de uma mulher flamenga. Abaixo há um círculo com o retrato de pedra do escritor e nomes de outras pessoas do movimento.

Esse movimento aliás permanece bem vivo ainda na região e hoje visa a independência de Flandres, considerada região mais rica da Bélgica e de idioma neerlandês, do restante do país em que predominam a língua francesa. O nacionalismo flamengo tem recebido grande apoio na região, e sua aceitação é crescente, sendo muito defendido por partidos de direita. É bem nítida essa questão separatista, como pude bem presenciar em Bruges.





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