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Belfry, o campanário cheio de histórias e segredos de Gent

O Belfry ou Campanário é o símbolo da autonomia e independência da cidade de Gent. É impossível não localizá-lo facilmente, uma vez que sua torre de 93 metros de altura é vista de vários pontos da cidade.

De qualquer forma, ele fica na praça Sint-Baafsplein, bem no centro histórico e perto das outras duas torres medievais com vista para a cidade velha, a Catedral de São Bavão (Sint Baafskathedraal) e da Igreja de São Nicolau (Sint Niklaaskerk). Sua altura faz com que seja o campanário mais alto da Bélgica.

Um orgulho na história da cidade, construído entre os séculos XIII e XIV. Nessa época, Gent precisava de um prédio especial onde os documentos da cidade pudessem ser mantidos em segurança e de onde a guarda da cidade pudesse manter vigia.

Dessa forma, o Belfry tinha três diferentes funções. A primeira era a manutenção dos privilégios municipais. Estes eram mantidos em um baú na sala de sigilo, ou “Het Secreet”, o salão no térreo do campanário, desde 1402. Essa é a primeira sala que vemos quando entramos no campanário.

Essa sala possuía duas portas, cada uma equipada com três fechaduras. As chaves de cada fechadura eram guardadas por três diferentes associações de artesanato. Dentro da Het Secreet, os documentos ainda eram guardados em um baú com dezoito compartimentos, e que também era trancado por três chaves, uma guardada pelo oficial de justiça e as outras duas pelos guardiões da cidade.

Isso sim é que é segurança!

A segunda função do campanário era servir como torre de vigia. Desde 1442 até 1869, os guardas, juntamente com os tocadores de trombeta e de sinos da cidade formavam o que era conhecido como os “Homens que Guardavam Gent”.

A vida dos guardas não era fácil. Eles tinham de percorrer o parapeito a cada hora para demonstrar que não estavam dormindo em serviço. Suas tarefas incluíam ficarem sempre atentos a um possível ataque inimigo, soarem o alarme em caso de incêndio e tocarem os sinos durante períodos de grande perigo.

E falando em sinos, chegamos à terceira função do Belfry, que inclui o carrilhão e sinos. Inicialmente, os sinos eram usados ​​para fins religiosos, porém, devido ao crescimento das cidades na Idade Média, os sinos eram mais frequentemente usados ​mesmo ​para regular a vida diária dos habitantes.

O sino de alarme, que foi instalado no campanário 1325, foi de 1378 em diante também usado como sino de hora em hora. Depois disso, o carrilhão foi gradualmente expandindo para 53 sinos após a restauração em 1982, com o último sino sendo acrescentado em 1993.

O Belfry foi reconhecido patrimônio mundial da UNESCO em 1999. Ele entrou para a lista junto com outros campanários da Bélgica e França. Na verdade um grupo de 56 construções históricas!

Vale muito a visita. Caindo no clichê mais básico, andar pelo campanário e subir suas escadas é voltar no tempo. Mais do que isso, é sentir a atmosfera dos tempos áureos de Gent.

De brinde, ainda temos a linda vista que se tem da cidade do alto do campanário. Como falei anteriormente, ele faz parte das torres medievais de Gent.

Além disso, ainda é possível ver um dos orgulhos de Gent, o famoso dragão de cobre que foi colocado na torre em 1377. O dragão era visto na história de Gent como o guardião simbólico da liberdade da cidade durante séculos. Há várias lendas populares ao redor dele, como sempre há para símbolos históricos. Segundo a história do dragão, ele mantinha não apenas os olhos na cidade, mas era também o guardião dos privilégios tão bem seguros dentro do campanário.

Curiosamente, o Belfry não sofreu nenhum incêndio durante a sua história, como sempre acontece com construções medievais. É, talvez, o dragão mascote da cidade tenha também impedido qualquer risco de incêndio, ou foram os incansáveis guardas que executaram muito bem a sua tarefa de proteger Gent.

Eu particularmente gostei mais do Belfry de Gent do que o de Bruges, cuja arquitetura é um tanto quanto desengonçada para mim.

Grudadinho no campanário encontra-se o antigo Salão de Rendas, ou Lakenhalle, construído entre 1425 e 1445. O local servia como ponto de encontro dos poderosos comerciantes da indústria de tecidos que tanto tornaram a cidade próspera na Idade Média.

Junto a ele ainda há a prisão municipal, com uma fachada datada de 1741. É fácil reconhecer a fachada, pois há nela uma escultura em relevo logo acima da entrada representando a antiga lenda de Simon, um romano sentenciado à morte por inanição. Sua filha Pero ia todos os dias visitá-lo na prisão e, como tinha acabado de dar à luz, amamentava em segredo o pai faminto. Os guardas acabam por descobrir o truque de Pero, mas sensibilizados pelo amor filial decidem libertar o prisioneiro.

Desse relevo surgiu o nome popular de “De Mammelokker” que foi dado a este edifício. “Mamme” significa “mama” e “lokken” significa “sugar” em um dialeto antigo de Gent.

Voltando ao Belfry, há um elevador do primeiro andar, mesmo assim, o campanário não é lá muito acessível a visitantes com mobilidade reduzida. Ele é aberto à visitação diariamente das 10:00 às 18:00 e o ingresso custa 8,00 euros para adultos. Pessoas entre 19 e 25 anos ou da terceira idade possuem descontos. Abaixo de 19 anos, a entrada é gratuita. Há visitas guiadas também para quem tem interesse.

Apesar de antigo, o Belfry é bem moderninho, pois possui um aplicativo para baixar no Google Store. Para quem não possui Android, há a opção de baixar um pdf com várias explicações.

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