A charmosa e liberal Amsterdam
Fui para Amsterdam saindo de Berlim. Assim como na maioria das vezes em que peguei um trem para mudar de país na Europa, foi uma aventura sair de Berlim para chegar em Amsterdam. Bom não poderia mesmo ser diferente. Meu trem sairia da estação Ostbahnhof. Lá eu precisei validar meu passe de trem, pois eu havia comprado o Eurail Select Pass que permite o trânsito por 4 países vizinhos a escolher. No meu caso eram Alemanha, Holanda, Bélgica e França (Bélgica, Holanda e Luxemburgo contam como um único país, Benelux). Como era a primeira vez que iria usar o passe, era necessário validá-lo no guichê da estação.
Curiosamente, quando cheguei em Ostbahnhof, não consegui encontrar nenhum atendente que falasse inglês, o que me dificultou um pouco em encontrar a plataforma de onde sairia o trem. Quando cheguei finalmente na plataforma, vi que ela estava completamente vazia. Procurei outro funcionário, que também só falava alemão, e através de gestos consegui entender que o trem havia sido cancelado e que eu precisava pegar o metrô até a outra estação. O funcionário falava apenas três palavras em inglês “No train here”.
Tive então que pegar o metrô então para a outra estação, de onde sairia o trem para Amsterdam dentro de alguns minutos apenas. Chegando lá, corri para a plataforma, assim que consegui descobrir qual era. No entanto, nova surpresa, haviam mudado novamente o horário e a plataforma do trem. Bom, sem emoção, não tem graça não é? Ainda foi preciso trocar de trem em Duisburg, sendo que ambos os trens atrasaram… Quem diria né?
Com todas essas alterações, fui conseguir chegar em Amsterdam somente à noite, as 21:20. Da estação fui andando até o hostel onde ficaria hospedada. No caminho, fiquei um pouco desapontada com a sujeira das ruas. Por outro lado, fiquei encantada com a arquitetura das casas, me lembravam peças de um jogo, um brinquedo. Amsterdam poderia ser definida assim, uma mistura de cenário de fantasia com a realidade das calçadas sujas repletas de artistas de ruas nem sempre bons e os frequentadores dos coffee shops.
Fiquei hospedada no hostel The Bulldog, um lugar divertido, assim como o clima da cidade. O hostel fica localizado no Red Light District, mas é possível chegar nele, sem passar pela área mais pesada do bairro, indo pela avenida principal, a Damrak. As instruções para chegar no Bulldog já mostram o clima extrovertido do lugar, no site indicava que da estação central para o albergue, a pessoa levaria 5 minutos se fosse jovem, 15 minutos se fosse mais velha e 1 dia se fosse tarado (em alusão à sua localização).
Fiquei em um quarto misto com 12 pessoas. Era bem barulhento, mas nada que incomode muito alguém com bastante sono, eu por exemplo só fui conseguir dormir de verdade na segunda noite, o cansaço ajudou, rs.
A cidade oferece atrações para todos, desde os mais de 50 museus com todos os temas possíveis, indo de Van Gogh e Rembrandt a museu do sexo e da maconha, passando por outros como museus do teatro ou da tortura, até os famosos coffee shops e Red Light District.
Os canais de Amsterdam também são uma ótima opção para poder observar as casas do século XVII com sua arquitetura típica holandesa.
O cartão I amsterdam card permite a entrada na maioria dos museus e transporte público em ônibus, metro ou bondes (GVB), além de incluir um passeio pelos canais. Os preços variam de € 49,00 (24 horas) a € 69,00 (72 horas) e pode ser adquirido online, nos Tourist Offices (existe um no Schiphol Amsterdam Airport e outro em frente à Central Station), hotéis ou nos guichês da GVB.
Eu não comprei esse cartão, pois para os museus que eu queria visitar não valia a pena e eu não usei o transporte público. Mas vale a pena fazer as contas para ver se compensa adquiri-lo ou não.
É muito fácil andar na cidade e por isso nem foi preciso pegar metrô. As ruas são estreitas e o trânsito é tranquilo. Comparando com Copenhagen, a cidade não me pareceu ter tantas bicicletas como imaginava. Talvez eu já tivesse me acostumado com elas, rs. Mas seja como for, com as ruas estreitas e planas, usar a bicicleta como meio de transporte pode ser a melhor e mais divertida opção.
Em Amsterdam todos falam inglês muito bem, então a comunicação é bem fácil. Quando precisava ir a alguma rua de nome mais complicado, apenas mostrava no mapa ou cartão e as pessoas já me indicavam. Afinal, é perda de tempo tentar pronunciar o nome de algumas ruas ou canais.
Bem, não dá para falar de Amsterdam sem mencionar a sua liberalidade, onde prostituição e consumo de drogas são legalizados. Na verdade, acredito ser a primeira coisa que vem à mente de muitos quando falamos de Amsterdam. Porém há certas normas. Mesmo sendo liberada, a maconha só pode ser consumida nos coffee shops. Também não é permitido beber ou consumir drogas na rua. Quanto à prostituição, essa fica restrita ao Red Light District, um bairro com câmeras em várias ruas e onde é extremamente aconselhável não tirar fotos das prostitutas expostas nas vitrines. Conversando com um guia americano, ele foi pragmático em explicar, “se a prostituição e as drogas dão dinheiro, por que não liberar?”. Bom, parece ser esse o raciocínio do governo holandês.
Já algum tempo, Amsterdam havia entrado na minha lista de desejos das capitais europeias e, apesar da decepção inicial com a sujeira das ruas ao redor da estação de trem, a cidade preencheu minhas expectativas. Vale a pena visita-la e conhecer seus museus, canais e mesmo as peculiaridades como o Red Light District e os coffee shops.
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