Esse post tem um certo ar de nostalgia, de saudade da época em que eu fazia trilhas, visitava cachoeiras e explorava cavernas. Isso foi quando eu morava em Ribeirão Preto, interior de São Paulo e aproveitava os feriados para visitar as cachoeiras de Minas Gerais. Uma dessas cidades foi Delfinópolis, a 185 km de Ribeirão Preto e 430 km de São Paulo.
Para chegar lá, vindo de São Paulo ou Ribeirão Preto, o melhor caminho é pela cidade de Cássia. Chegando na represa do Rio Grande, é necessário pegar a balsa para atravessar para o outro lado. Em feriados, a fila para pegar a balsa pode ser grande, então é bom ter uma dose de paciência e curtir a viagem que está só começando.
A cidade fica localizada entre a Represa de Peixoto e a Serra da Canastra. Chegando em Delfinópolis é possível visitar mais de 100 cachoeiras, corredeiras, trilhas, além de deliciar a visão com seus vales e chapadões. É um passeio para cansar o corpo e descansar a mente e espírito.
Cansar o corpo porque ha várias trilhas para seguir como por exemplo as do Complexo do Claro e Complexo do Paraíso.
O Complexo do Claro fica a 6 km do centro de Delfinópolis e é um daqueles passeios imperdíveis que definitivamente devem ser feitos. Nessa trilha há cinco belas cachoeiras como a da Gruta, da Paz, do Tenebroso e Cidade das Pedras. Há estacionamento próprio além de lanchonete, pousada e área para camping.
É cobrada taxa de visitação, assim como muitas das outras trilhas. Uma das justificativas é que algumas das cachoeiras ficam em propriedade particular (imagina ter uma linda cachoeira nas suas terras….). Outra razão é que a taxa funciona também como manutenção.
O Complexo do Paraíso é um desses casos de estar localizado em área particular, onde há restaurante e pousada. O complexo fica a 7,5 km do centro da cidade. No total são sete cachoeiras distribuídas em cerca de 3,5 km para serem percorridos.
Outro lugar que vale a pena visitar é a Fazenda da Maria, cujo acesso é feito por uma ponte de corda e madeira. Eu particularmente adoro esse tipo de ponte, daquelas que ficam balançando enquanto você caminha, suspensas no meio de uma paisagem deslumbrante.
Na fazenda há além da cachoeira, um poço de água cristalina e menos fria, uma delícia para mergulhar e visualizar cardumes de pequenos peixes. Também é cobrada a taxa de visitação.
Em Delfinópolis há várias pousadas e área de camping para todo tipo de bolso. Eu fiquei em uma pousada que tinha uma jabuticabeira carregada de frutas. No final do dia, eu retornava para a pousada com o corpo cansado, mas o espírito e mente renovados após a caminhada energizante e ainda aproveitava para lembrar os tempos de infância, subindo na jabuticabeira para pegar as frutas.
Lembro de uma situação engraçada que ocorreu na pousada. Os donos eram um casal de idosos muito simpáticos e acolhedores. Um dia, no café da manhã, a senhora me perguntou se eu falava inglês. A razão disso era que tinha chegado um hóspede irlandês e ela queria saber o que ele gostaria de comer no café da manhã. Além disso, ele estava sozinho e ela queria que ele se sentasse na nossa mesa. Concordei e falei que ele poderia vir sentar conosco. O que eu não sabia era que o irlandês era mais do que uma pessoa implicante, era do tipo que reclamava de tudo. Reclamou do calor, do sol, da comida e de todo o resto. A senhora trazia pão de queijo, bolo, pães para nossa mesa e ele continuava reclamando. Ele dizia que aquilo não era café da manhã, que comer bolo era nojento e que ele queria feijões para comer. De tão chato que ele era, eu pude compreender porque seus amigos o deixaram naquela pousada e se hospedaram em outra!
Eu fui para Delfinópolis em setembro, época de seca, então o nível de água das cachoeiras era menor, porém nada que interferisse na beleza natural do local. A parte boa é que fica mais fácil para percorrer as trilhas. Um morador do lugar me falou que na época de chuva forma muito barro e lama, dificultando um pouco o percurso.
Finalizando, para quem curte natureza, belas paisagens e cachoeiras de águas límpidas para mergulhar, Delfinópolis é uma excelente opção. Guardo saudades dessa época, preciso voltar a fazer mais trilhas, bom para o corpo, melhor ainda para a mente.