Um jantar das mil e uma noites no Chez Ali em Marrakech
Na nossa última noite em Marrakech, após ficarmos imersos na diversidade existente na praça Djemaa el Fna, fomos para o Chez Ali, um restaurante temático folclórico. Reza a lenda que o restaurante nasceu do fato de seu dono ter o costume de chamar as pessoas para comer na sua casa, dai seu nome Chez Ali (Casa do Ali).
Lá vivenciamos um jantar tipicamente marroquino com belas apresentações de música e danças finalizando com o show equestre Fantasia.
O restaurante e o show são programas obviamente voltados para o turismo, mas com toda certeza valem a pena conhecer.
O local onde fica o Chez Ali é bem amplo, com várias atrações e uma bela arquitetura marroquina. Logo na entrada, somos recepcionados com um corredor formado por homens montados em seus cavalos, uma paixão bérbere. Eles ficam dispostos lado a lado, prontos para tirar fotos com os turistas. É claro que para cada foto deve-se dar a bakshit, ou seja, a gorjeta. Como há vários pontos convidativos para fotos, prepare o bolso para as bakshits.
A medida em que vamos avançando na imensa área, passamos por várias tendas com músicos e dançarinas com roupas típicas. Lá podemos apreciar todo o folclore bérbere, com diferentes grupos se apresentando.
Continuando andando, chegamos a um pátio aberto onde é possível dar uma volta de camelo. Dá para escolher entre andar em um camelo com uma tenda na parte de cima ou não. Eu optei pelo camelo sem tenda mesmo, para ter melhor visão.
Foi uma das experiências mais incríveis da viagem. Já tinha ouvido relatos de amigas que andaram de camelo e estava bastante curiosa para saber como é. Olhando de fora não dá para ter idéia de como é alto o camelo e a forma como ele se abaixa e levanta com a gente em cima acaba dando um certo susto, pois ficamos com o rosto virado para o chão. Deu susto, mas recomendo, é muito divertido andar de camelo.
Continuando nossa caminhada até a tenda principal, vamos passando por mais grupos de músicos diversificados que mostram toda a riqueza da cultura bérbere. São músicas, ritmos, entonações, roupas e gestuais típicos que nos transportam para outra realidade.
O jantar ocorre na tenda principal, lindamente decorada. Nas mesas redondas estão distribuídos o delicioso pão marroquino. Como não podia deixar de ser, o cardápio é composto pelos tradicionais pratos marroquinos cuscuz e tajine. Para a sobremesa foram servidas tijelas repletas de frutas frescas típicas como ameixas e damascos.
Enquanto jantamos, vão aparecendo grupos de músicos ou de dançarinas que passam de mesa em mesa para se apresentar. São músicas e danças animadas que alegram e dão um charme todo especial para o jantar.
Os grupos de mulheres vestidas a caráter, formam um roda em torno da mesa e convidam os turistas a entrarem na roda com elas. Enquanto vão cantando, entoam o característico som árabe: lí-lí-lí-lí-lí-lí.
Ao final do jantar, todos se dirigem ao local onde ocorre o show Fantasia. O show consiste principalmente de várias acrobacias dos homens montados em seus cavalos. Eles correm, fazem acrobacias no ar, atiram, há fogos de artifícios, dança, tapete voador e ainda mais. Os músicos, cantores e dançarinas também participam em uma procisão sem fim mostrando o que a cultura bérbere tem a oferecer.
As acrobacias são feitas nos cavalos correndo ao redor do pátio onde o show acontece. Os cavaleiros fazem inúmeras acrobacias incluindo irem de pé sobre o cavalo, de cabeça para baixo, pularem de uma lado para o outro, um sobre o outro em cima do mesmo cavalo e por ai vai.
As apresentações são intercaladas com apresentações de música e dança. Enquanto os homens correm sobre seus cavalos, há um menininho que cavalga sobre um jumentinho e, é claro, recebe muitos aplausos da platéia.
No final há a queima de fogos de artifícios e alguns cavaleiros, incluindo o menino, ficam por perto para tirarem fotos com os turistas e ganharem, como sempre, a bakshit.
Na saída, ainda há um pequeno museu em formato de caverna com peças de vestuário, vasos e joias.
Como eu disse no começo, o Chez Ali é um lugar feito para turistas, no entanto, é um passeio que vale a pena ser feito, é uma forma de ter contato com a cultura bérbere, se não é a mais completa, pelo menos é bem divertida.