Cidades, lagos e montanhas entre Fès e Marrakech
No caminho de Fès até Marrakech, passamos por várias cidades e povoados que merecem ser mencionados aqui, além, é claro, da bela paisagem. A primeira cidade por que passamos foi Ifrane, que fica a cerca de uma hora de Fès. Lá fizemos uma breve parada para tirar algumas fotos. Ifrane é mais conhecida por ser a cidade do esqui. É o local para viajar nos feriados e férias dos marroquinos. As muitas casas existentes por lá não são em geral habitadas, são somente para o período das férias, seja para esquiar ou durante o verão. As famílias proprietárias são de Casablanca, Agadir, Tânger ou de países da Europa.
Ifrane é chamada no Marrocos como a Suiça Marroquina por causa do esporte, do clima mais frio, dos jardins e chalés de telhados vermelhos. A cidade fica a 1650 metros de altitude, durante o inverno fica toda coberta de neve, o que atrai muitos turistas para a estação de esqui Michliffen.
Seu nome significa caverna, local onde as tribos bérberes habitavam. A cidade foi criada em 1929, pelo protetorado francês. Sua fama fez com que a cidade merecesse ser local para a construção de mais um palácio real, com telhados verdes, conforme a tradição manda.
Mas nem só de inverno vive Ifrane, a cidade se tornou destino turístico também no verão, uma vez que habitantes de cidades próximas como Fès, Meknès e El Hajeb viajam para lá com o objetivo de escaparem do forte calor nos meses de julho e agosto. O local é sem dúvida muito charmoso e agradável, além de aparentar ser muito tranquilo também.
Continuando, viajamos por muito tempo vendo a paisagem coberta pelas forestas de lindos cedros. Essas imponentes árvores podem chegar a 30-40 metros de altura. Essa é a região do Médio Atlas, onde o melhor fica mesmo por conta da paisagem fomada pelos cedros e as montanhas ao fundo, atrás delas está o deserto do Saara.
A proxima cidade por que passamos foi Azrou, onde curiosamente há uma coroa de ferro em cima de uma rocha. Azrou é mais uma cidade formada por bérberes e foi a primeira cidade real do Médio Atlas.
Os bérberes são os verdadeiros nativos do Marrocos. Eles já habitavam a região antes da invasão árabe. Devido às diferenças culturais e ao fato da dominação de um povo sobre o outro, árabes e bérberes não são o que podemos chamar de amigos. Conforme um bérbere me disse, os árabes acham que os bérberes são um povo de segunda categoria, mas os bérberes acham que os árabes são de quinta categoria… Por ai se vê a animosidade entre os dois povos que cohabitam no mesmo país.
De volta à estrada, tivemos uma bela surpresa ao chegarmos no lago El Hansali. Uma parada obrigatória para apreciar a paisagem formada pelo grande lago e as montanhas em volta. Um bom lugar para descansar, esticar as pernas e aproveitar para tirar belas fotos.
Outras pequenas cidades que atravessamos foram Kenifra e Alkhala, essa última conhecida pelas minas de fosfato, um importante produto da economia do Marrocos, e pela raça de ovelhas que produzem leite. Já Kenifra é famosa por seus cavalos, uma paixão dos povos bérberes, e também pela beleza das mulheres bérberes, cujo principal atrativo são os olhos grandes.
É nítido o orgulho com que os bérberes falam de suas mulheres, tidas por eles como belas e trabalhadoras. São mulheres que se casam cedo, por volta dos 16 anos. Durante a vida de casada, elas dão à luz muitos filhos. Para a família bérbere, quanto mais filhos, melhor, pois os filhos podem ajudar a família no trabalho diário, seja em casa ou no deserto. Além disso, os filhos dão continuidade ao nome das famílias e ajudam a construir seus patrimônios.
Os bérberes também fazem questão de mencionar a beleza dos homens do deserto, conhecidos como tuaregues, homens que se vestem em geral de azul e preto e pintam uma faixa preta abaixo dos olhos para protegê-los dos fortes raios do sol no deserto. Os tuaregues são tidos como os homens mais bonitos do Marrocos, são morenos, altos, magros e de olhos grandes, sinal de beleza tanto para os povos árabes quanto os bérberes. Esses homens são nômades do deserto e costumam criar muitos cavalos.
Foi muito interessante passar por estas cidades e vilarejos menores, mas nem por isso desinteressantes. Lá pudemos ter um pouco mais de contato com os povos bérberes e seus costumes. Pena que não deu tempo para conhecer o deserto, mas com certeza, no futuro iremos incluir essa parte quando retornarmos ao Marrocos.
Além das cidades, a paisagem foi algo que, por si só, valeu a viagem. As montanhas Atlas dominaram o cenário com sua imponência e beleza. Uma visão que nenhuma foto consegue reproduzir, independente da quantidade de megapixels ou qualidade da lente.
Ao final do dia, chegamos à tão sonhada Marrakech, mas isso é assunto para os próximos posts.