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Fès, a cidade imperial mais antiga do Marrocos

Saindo de Meknès, e após passar por Volubilis, fomos para Fès que, para mim, foi o auge da viagem ao Marrocos.

Em Fès, podemos sentir o mais puro jeito de ser do marroquino. Sua medina formada pelo labirinto de ruelas, os souks repletos de lindos tapetes, artesanatos e roupas, com vendedores ávidos por turistas, as muitas mesquitas, o belíssimo palácio real, a multidão de pessoas nas ruas e a olaria onde aprendemos como são feitos os magníficos mosaicos são lembranças que, com certeza, não serão esquecidas.

Decididamente, Fès é uma cidade que deve constar no roteiro de qualquer pessoa que vá para o Marrocos.

Fès está situada a 60 km de Meknès. A cidade é a mais antiga dentre as cidades imperiais do Marrocos, sendo a primeira capital do país. É uma das cidades mais prestigiadas no mundo islâmico, devido ao fato de ter sido por séculos o centro da cultura e religião para a civilização Magrebe (povos do noroeste da África, abrangendo Marrocos, Tunísia e Argélia).

Vista do alto da medina de Fès, a mais antiga do mundo árabe

A cidade foi fundada em 789 por Idriss I. Sua localização geográfica nas terras férteis ao pé do Monte  Zalagh, favoreceu o crescimento econômico e político, sendo um fator decisivo para o desenvolvimento e influência da cidade.

Fès foi a capital política e espiritual de Marrocos por mais de 1.000 anos desde a sua criação por Moulay Idriss. Sua fase áurea foi na Idade Média, quando estava no centro da vida política, cultural e religiosa do Marrocos e de todo o mundo muçulmano, sendo referência em matemática, filosofia e medicina.

Muros ao redor de Fès el-Bali, a cidade antiga

No reinado dos Almorávidas e Almoádas, a capital do Marrocos se mudou para Marrakech, somente quando os Merenidas chegaram ao poder que Fès voltou a ser a capital do reino. Nessa época, a cidade era pequena demais e um novo centro urbano teve que ser desenvolvido, chamado de Fès el-Jedid (nova Fès), onde se encontra o palácio real.

Fès el-Bali (antiga Fès) foi submetida à restauração e é, no meu ponto de vista, o lugar mais interessante para se visitar, pois é onde se encontra a intrigante medina. Mais tarde, a capital voltou a ser Marrakesh, no reinado dos sauditas e, posteriormente foi transferida para Meknès, no reinado de Moulay Ismail. Durante todo esse tempo, aproximadamente 2 séculos, Fès caiu no abandono. Somente no reinado do sultão Alauíta Moulay Abdullah que a cidade voltou a ser a capital, até o estabelecimento de Protetorado, onde então a capital do reino do Marrocos passou a ser Rabat, que permanece até hoje.

Aglomerado de pessoas em uma das portas de entrada para a medina.

Hoje em dia, Fès é a segunda maior cidade do Marrocos, com uma população de aproximadamente 1 milhão de  habitantes. A cidade mostra influências dos povos árabes, berberes, judeus e da Andaluzia. Ela é conhecida por seus belos artesanatos, sendo uma das melhores cidades para ir às compras.

Uma vez que comprar no Marrocos é praticamente um processo que necessita tempo e dedicação, esse será um tópico discutido mais adiante.

Vendedores no interior de uma loja de tapetes em Fès el-Bali

Assim como cada cidade no Marrocos é conhecida por uma cor, Fès também possui sua cor característica, o azul cobalto, facilmente visível no artesanato, principalmente nos mosaicos e vasos.

Belíssimo mosaico feito manualmente na olaria de Fès

O povo de Fès é simpático e amigável. Eles são orgulhosos de sua cidade pela importância histórica, cultural e religiosa. Afinal a cidade possui a medina mais antiga do mundo árabe. Sua autenticidade e seus mais de 1200 anos de idade lhe valeram a entrada para a lista de Patrimônio da Humanidade da UNESCO, dentre as muitas construções famosas em Fès, pode-se citar a primeira universidade islâmica que se encontra no interior da medina.

Vendedor de tâmaras no interior da medina

Fès é um mundo a ser descoberto. A cidade ainda mantém o ar de Idade Média, misturado com a vida moderna fora dos muros da medina.

Visitar Fès é uma experiência única que merece ser vivida com calma, mergulhando na sua autenticidade, onde os anos parecem não ter passado. O local é fascinante, é preciso estar lá para entender e sentir todo o mistério, magia e peculiaridades da sua medina e de tudo o mais que envolve e representa a cidade.

Decididamente, nenhuma viagem ao Marrocos está completa se Fès não fizer parte do roteiro.

 

 

 

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