Alemanha,  Europa

Berlim oriental – Brandenburger Tor e Memorial ao Holocausto

Eu estava na Alexander Platz quando decidi visitar o Brandenburger Tor. Devido à distância, tive que pegar um ônibus. Eu não tinha certeza de qual ônibus pegar, assim só me restou perguntar para o motorista se aquele ônibus iria passar pelo portão. O único problema é que o motorista só falava alemão. E como falava…

Repeti várias vezes a palavra Brandenburger Tor, mostrei o nome por escrito no “guia” que eu mesma havia feito, mas nada do motorista ao menos fazer um gesto que indicasse se o ônibus iria ou não na na direção do portão. Ele apenas continuava falando muito e em um ritmo que me fez lembrar daqueles professores no final de uma aula cansativa, sem nenhuma alteração no tom de voz. Isso durou até que uma senhora muito gentil me chamou e confirmou que aquele era o ônibus certo.

De uma certa forma, me chamou atenção o fato que, apesar da visão geral que temos do alemão ser um povo fechado, de poucas palavras, notei que várias, senão todas, as pessoas que eu parava na rua para pedir informação eram bastante falantes. O único problema era quando elas insistiam em falar alemão comigo.

Foram muitas as pessoas que falaram bastante comigo embora eu não entendesse uma palavra. Apesar de eu falar “Ich spreche kein Deutsch” (eu não falo alemão), elas continuavam conversando comigo, algumas até com entusiamo, apontando para monumentos, ruas ou para o terrível mapinha incompleto que eu tinha em mãos. Se não fosse a barreira da língua, aposto que as conversas teriam sido bem mais interessantes.

Beleza e imponência do Brandenburger Tor

Bom, quando desci do ônibus, fiquei encantada com a imponência e beleza do Brandenburger Tor. O portão se localiza na Pariser Platz, onde termina a Unter den Linden e começa a Strasse des 17 Juni.

Ele é o símbolo de Berlim e de um modo geral também de toda a Alemanha. É um dos lugares mais importantes da cidade e não seria exagero dizer que esse magnífico portão está para Berlim assim como o Arco do Triunfo está para Paris.

É aqui que os berlinenses se reúnem para várias comemorações como as de final de ano e para assistir jogos da copa e, é claro, foi aqui que os alemães comemoraram a queda do Muro e a Reunificação da Alemanha.

O imponente portão é citado no livro 1000 Lugares Para Ver Antes de Morrer de Patricia Schultz, provavelmente não apenas por sua beleza, mas também por sua importância histórica.

Vista aérea do Brandenburger Tor e do Muro. Durante a divisão, o portão permaneceu do lado soviético.
Fonte: Wikipedia
O portão e a placa avisando que as pessoas estavam deixando a Berlim Ocidental.
Fonte: Wikipedia

O Brandenburger Tor foi construído em 1791 como um arco triunfal para celebrar a vitória prussiana e, ironicamente, foi chamado de Portão da Paz.

No entanto, durante a Guerra Fria, esse mesmo portão, localizado na divisa entre a Berlim Ocidental e a Berlim Oriental, se tornou símbolo de uma cidade, e também de uma nação, dividida.

Revista feita pelos alemães orientais nas pessoas que cruzariam o portão antes da construção do muro.
Fonte Wikipedia.

O portão monumental foi desenhado em estilo neo clássico por Carl Gotthard e patrocinado pelo imperador Wilhelm II. A inpiração para o Brandenburger Tor foi o portão Propylaea existente na Acrópolis em Atenas. Suas medidas acompanham sua imponência, o portão possui 65,5 metros de largura e 28 metros de altura.

O portão possui colunas dóricas e um friso com esculturas em baixo relevo mostrando cenas da mitologia grega. No alto há uma carruagem de bronze puxada pela deusa Vitória.

Em 1806, durante a ocupação francesa, Napoleão ordenou que a carruagem fosse levada para Paris. A escultura só retornou a Berlim após a Batalha de Waterloo. Foi nessa época que a praça próxima ao portão recebeu o nome Pariser Platz (Praça de Paris).

Carruagem puxada pela deusa Vitória

Atravessar o Brandenburger Tor é algo simples, porém que nos faz pensar bastante sobre os acontecimentos passados que, infelizmente, fazem parte da história do mundo.

Enquanto caminhamos pelas colunas dóricas e passamos pelas esculturas gregas representando Atenas e outros deuses, podemos pensar sobre a loucura de um líder político e até onde ela pode levar uma nação que causou e passou por tanto sofrimento, terminando por ser dividida entre os países aliados e entre regimes político-econômicos tão divergentes.

Estátuas no Brandenburger Tor

Holocaust Denkmal

Estando de frente ao Brandenburger Tor, viramos à esquerda e caminhamos pela Ebertstraße um pouco. Logo chegaremos ao Holocaust Denkmal (Memorial do Holocauto), construído em 2003, na ocasião do 60° aniversário da queda do regime nazista e do final da Segunda Guerra Mundial.

O memorial criado pelo americano Peter Eisenmann é uma homenagem aos 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas entre 1933 e 1945. O Holocaust Denkmal é muito grande, ocupa uma área de 19.000 metros quadrados.

Quando me aproximei do memorial, um policial alemão veio prontamente em minha direção para me explicar o significado dele. Ele se expressava através de um inglês sofrível com um carregado sotaque alemão, porém sua simpatia e vontade de fazer ser compreendido superava qualquer dificuldade na conversação.

O atencioso policial me explicou que o Memorial do Holocausto em Berlim é composto por nada menos que 2.711 lajes de pedra cinzenta sem qualquer tipo de referência como nomes ou datas. Ele me falou para andar por entre as lajes, mas eu lhe respondi que preferia não fazê-lo, pois a disposição das mesmas me deixava um pouco tonta.

O policial me respondeu que era exatamente essa a intenção do arquiteto. As lajes estão dispostas em diferentes tamanhos de uma maneira ondulada. Os caminhos formados entre elas são também ondulados. Esse desnível foi criado para dar uma sensação de instabilidade e falta de fundamento, uma total sensação de desorientação. E era exatamente isso que eu sentia ao olhar o triste memorial.

Eu particularmente não gostei do memorial, principalmente por causa da sensação que ele nos trás e pelo terrível motivo dele ter que existir. Não quis tirar foto, mas o policial insistiu tanto que acabei deixando que ele tirasse uma foto minha em uma das lajes. Antes de me despedir dele, ele me falou de forma sentida que aquela era uma história triste porém era a história do país dele. Depois fez questão de me lembrar que Hitler era austríaco e não alemão.

O mais triste porém é saber que, mesmo depois de tudo isso, a humanidade ainda não aprendeu. O preconceito, origem de tantas desavenças, entre as diferentes raças e nações ainda existe. Mesmo tendo acesso a tantas informações, sejam históricas ou mesmo genéticas, ainda há pessoas que acreditam que uma raça ou nação possa ser superior à outra.

Mesmo dentro do mesmo país, ainda há algumas regiões que se consideram superiores a outras tratando com preconceito pessoas de outros estados, como infelizmente ocorre no Brasil, principalmente em relação às pessoas do norte e nordeste.

O mundo sofreu as consequências das loucuras de Hitler, porém ainda não foi capaz de aprender com essa terrível história.

3 Comentários

  • Adolph Manier

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  • Luiz Claudio

    Coloquei uma parte desse seu texto (a que fala da barreira da lingua) em meu facebook. Citei os créditos , claro…estou em Berlim e vejo isso aqui
    obrigado
    abs
    Claudinho Sabão

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