A capital Rabat e o palácio real
Localizada a beira-mar, na foz do rio Oued Bou Regreg, Rabat é a capital administrativa e política do Reino do Marrocos desde a independência em 1956. Lá se encontram a residência principal do rei Mohammed VI e a sede do governo e das embaixadas estrangeiras.
A cidade possui uma longa e rica história que pode ser sentida nos monumentos e ruínas existentes desde a época dos fenícios (primeiros habitantes), romanos, almoádas e merenidas.
Algumas descobertas arqueológicas revelaram a existência de um povoado no local datando do século III A.C. Seu antigo nome era Chellah. No ano 40 D.C, os romanos assumiram a cidade e mudaram seu nome para Sala de Colonia, porém no ano 250 D.C. os romanos abandonaram a colônia.
Por volta do século 10 D.C, Abd al-Mu’min construiu no local, uma fortificação chamada ribat, para uso como ponto de ataques contra a Espanha. Em 1170, devido a sua importância militar, a cidade, passou a chamar-se de Ribatu l-Fath, que significa “fortaleza de vitória“.
A fortificação existente deu origem ao nome atual da cidade: Rabat.
Rabat tornou-se uma das 4 cidades imperiais do Marrocos em 1660. As outras cidades imperiais são Meknès, Fès e Marrakech.
A cidade possui cerca de 1,7 milhões de habitantes. A capital do Marrocos é agradável, com avenidas largas e muito limpas.
Assim como outras cidades do Marrocos, Rabat também possui sua cor: azul claro, a cor das casas do Kasbah des Oudaias, local onde os piratas habitavam (assunto para o próximo post).
Parece existir uma certa rixa entre Casablanca e Rabat, devido principalmente ao ritmo de cada cidade. Uma vez que Rabat é a capital possuindo muitos prédios públicos, os habitantes de Casablanca costumam fazer piadas quanto à lentidão do serviço público de Rabat em contraste com a agitação da vida corporativa em Casablanca. Algo que estamos bem acostumados por aqui também…
A arquitetura predominante na cidade é a colonial, com villas muito bonitas. Villa é o nome como são chamadas as grandes casas, com um pátio central com fonte e os quartos ao redor deste. As villas são habitadas por uma família inteira.
Como Rabat não é tão turística quanto Fès ou Marrakech, é mais fácil andar nas ruas sem atrair tanto a atenção de vendedores ou outras pessoas que vivem do turismo. Isso pode facilitar a vida dos turistas que não gostam muito do costume marroquino da barganha na hora de comprar tapetes, artesanatos ou qualquer outro item.
Para quem gosta de pistache, é o local certo para comprá-lo. É lá que se encontra a maior produção de pistache do Marrocos.
Palácio Real
Quando chegamos em Rabat, ao final da tarde, o primeiro local que visitamos foi o Palácio Real ou Dar al–Mahkzen, a sede do governo, onde trabalham e residem mais de duas mil pessoas.
O palácio foi construído em 1864 sobre as ruínas de outro antigo. Faz parte das muitas construções ordenadas por Moulay Ismail, o primeiro sultão almóada a unificar o país. Embora a base de Moulay Ismail fosse Meknès, ele deu à Rabat uma relativa importância na época. Falarei mais sobre esse polêmico sultão no post sobre Meknès.
O rei Mohammed VI usa o palácio para as obrigações do estado. Assim como seus ancestrais, ele recebe convidados estrangeiros no palácio de Rabat, bem como em Fès, Meknès, Tanger, Tetouan, Agadir ou em qualquer outro dos palácios reais existentes no Marrocos.
O palácio é rodeado pelos jardins andaluz que possui, além de lindas árvores, fontes e um agradável boulevard. Toda a área é muito bonita, com uma atmosfera de tranquilidade permeando o local. Os jardins foram construídos pelos franceses no século XX
Na área do palácio também há uma mesquita chamada Ahl Fès. Esta é a mesquita particular do rei Mohammed V, onde ele recita as orações de sexta-feira dentre outras da rotina religiosa.
Entre a mesquita e o palácio há a praça Mechouar, o local onde se realizam as principais festas em homenagem ao rei.
O design do palácio segue o estilo tradicional marroquino, com uma série de salas de recepção agrupadas em torno de um pátio central, dando acesso aos quartos privados.
Os quartos no lado esquerdo do pátio eram os destinados ao hammam, o banho turco, uma característica de todas as mansões nobres, enquanto os quartos do lado direito pertenciam a uma antiga mesquita.
Embora tenham guardas na entrada principal do palácio, eles parecem ser bem mais tranquilos em relação aos turistas e suas máquinas fotográficas do que os guardas de outros palácios reais que já visitei, como os guardas do palácio real de Copenhague, por exemplo.
No alto do portão de entrada principal do palácio há uma inscrição, uma oração de proteção ao rei. Os marroquinos dizem que, como o rei é uma figura muito importante, é necessário pedir a Deus proteção e sabedoria para que ele possa governar bem o país.
A cor verde encontrada no telhado e nos detalhes da construção é uma referência à cor do Alcorão.
Não é permitida a entrada no palácio, porém a visita, mesmo que somente na área externa, vale muito a pena.
A arquitetura do palácio é digna de admiração. Todo o local merece uma visita com tempo para que se possa apreciar os jardins com suas belas árvores de troncos grossos e retorcidos, o ambiente calmo e, por fim, o palácio real e seus cuidadosos detalhes admiráveis, tão característicos da arquitetura árabe.
2 Comentários
Sergio
Bela viagem… obrigado pela partilha.
Tb por lá andei: trilhos.wordpress.com
Continuação de bons trilhos.
Abraço
Valeria Di Mambro
Olá Sérgio, obrigada pelo elogio. Seu blog também é muito bom com fotos bem bonitas.
Abraço