África,  Marrocos

Marrocos, um país nem tão perto mas também não tão longe

Marrocos sempre foi um sonho para mim, porém apesar de desejar conhecer o país, acabava sempre escolhendo outro destino na hora de arrumar as malas, na maior parte das vezes a Europa. Foi assim em 2006 e 2007, quando, em ambas as ocasiões, acabei optando pelo Velho Continente ao invés do Marrocos.

E dessa vez não foi tão diferente afinal, eu estava pesquisando roteiros para Egito ou Turquia, quando me deparei com a descrição de um roteiro para Tunísia e Marrocos. Bom, devido a restrições de disponibidade de tempo, a Tunísia foi deixada para uma outra oportunidade e, dessa vez, Marrocos sobressaiu como o destino certo para a ocasião.

É claro que a Europa, minha eterna paixão, acabou sendo de uma forma ou de outra incluída na viagem, com uma rápida passagem pela Espanha com direito a muitos tapas e vinhos. Porém a Espanha fica para outro post. Vamos voltar ao Marrocos.

 

Estreito de Gibraltar. Apenas 14,4 km separam Espanha e Marrocos.

É incrível como muitas pessoas (e me incluo aqui) imaginam a África um destino tão longe, mas não a Europa, sendo que Espanha e Portugal são países vizinhos ao Marrocos. A viagem para esse belo país africano provou para mim que, afinal de contas, a “África é logo ali” (como diria o Vanucci).

Mesmo quando pensamos no custo de uma viagem à África, podemos nos surpreender, pois uma pesquisa de roteiros, pacotes e passagens me mostrou que ir para o Marrocos, Tunísia ou Egito pode ser mais barato do que uma viagem aos nossos vizinhos Chile ou Peru.

Marrocos é um país encantador logo no primeiro contato. Seu povo, sua cultura, sua arquitetura, sua arte, seu jeito especial de ser uma mistura árabe e africana com uma pitada européia, o tornou um lugar cativante, especial, um país que sentimos saudades mesmo antes de partir.

E quando saimos do Marrocos somos impregnados com a eterna sensação de que devemos voltar, seja para rever suas maravilhas, seja para conhecer novos encantos.

Simpatia e hospitalidade dos marroquinos na Mesquita Hassan II em Casablanca

Sua cultura complexa é formada por árabes e berberes e remonta a tempos antigos construídos durante várias invasões de árabes e europeus (romanos, e mais recentemente franceses, portugueses e espanhóis). A história do Marrocos está intimamente ligada à sua localização geográfica. Objeto de desejo de muitos impérios durante séculos, desde o Império Romano até o protetorado francês, sendo que o Reino do Marrocos ganhou sua independência efetiva somente em 1956.

Ponto de encontro das principais caravanas de comércio e excepcional base militar estratégica, o  Marrocos conseguiu enriquecer seu patrimônio cultural a partir de todas essas ricas experiências históricas. O resultado foi uma mistura de cultura e arte hoje plenamente expressas através da diversidade de línguas faladas no Marrocos (árabe, berbere e francês), das religiões que convivem em harmonia (islamismo, judaísmo e cristianismo), e de seus magníficos artesanatos, fabricados há séculos quase que da mesma forma.

 

Interior da medina de Fès, a maior e mais antiga medina do mundo árabe

O Marrocos preservou sua identidade e valores ao longo dos séculos, sem no entanto deixar de se modernizar e de investir em seus recursos, principalmente na exploração do fosfato e no setor de turismo.

A imagem que nos traz é de um povo forte e sereno ao mesmo tempo, ligado em seus valores tradicionais, porém livre de extremismos religioso ou político.

 

Jelaba, a roupa típica de inverno usada no Marrocos

O Islamismo é a religião oficial do país, sendo parte fundamental da história do Marrocos há 14 séculos, orientando a vida espiritual marroquino. O Islã está presente no coração da vida marroquina, através dos costumes, arquitetura e educação. A chamada para a oração pontua a vida das mesquitas marroquinas, mausoléus e escolas corânicas. São hinos fortemente presentes no cotidiano das pessoas.

No entanto, o reino do Marrocos continua a ser essencialmente uma terra de tolerância, onde todos os credos vivem em harmonia. Por séculos, marroquinos judeus e muçulmanos convivem em respeito um ao outro, garantindo a liberdade de culto para uma comunidade diversificada, amigável, equilibrada e hospitaleira.

Muçulmano aguardando o chamado da Mesquita

A complexidade desse país nos desafia a descrevê-lo, mesmo que eu tentasse uma lista imensa de palavras e adjetivos, ainda assim o resultado seria simplificado e superficial. Afinal palavras não conseguem transmitir a beleza das montanhas Atlas, a singularidade de Marrakech, a riqueza dos detalhes encontrados nos mosaicos e outros artesanatos ou o sabor do chá de menta servido em todos restaurantes.

Eu a caráter no Hari Souani construído por Moulay Ismail em Meknès

Uma viagem ao Marrocos não se resume apenas em conhecer suas cidades, montanhas ou deserto. É mais do que isso. O país nos convida a um mergulho em sua cultura milenar, sua língua, sua escrita, seus mosaicos magníficos, sua gente.

Um passeio ao Marrocos não acontece sem sentir a vida pulsante e intensa existente dentro dos muros das medinas, sem sentir os mais diversos odores e cores de suas especiarias, dos tajines e cuscuz servidos em todos os lugares, sem ser arrastado para a multidão composta por nativos e turistas na praça Djemma El Fna, repleta de encantadores de  serpentes, adestradores, contadores de história, performistas e outros em busca da atenção e moedas dos turistas.

Sem dúvida alguma, Marrocos é um país cheio de encantos e surpresas, que nos presenteia com a magia das 1001 noites e, principalmente, com um destino prazeroso e inesquecível.

 

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